Doze grandes clubes da Europa anunciaram neste domingo a criação de uma Superliga, em oposição ao modelo atual da Liga dos Campeões da Uefa.
São eles: Arsenal, Atlético de Madrid, Barcelona, Chelsea, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Milan, Real Madrid e Tottenham. Outros três participantes são aguardados para a temporada inaugural, que começará “assim que for possível” segundo comunicado divulgado para a imprensa.
Presidida por Florentino Pérez, mandatário do Real Madrid, a Superliga afirmou que, de olho no futuro, espera manter conversas com a Uefa e a Fifa “buscando melhores soluções para a Superliga e o conjunto do futebol mundial”, embora a relação já nasça estremecida.
Ainda neste domingo, já ciente da criação da Superliga depois de um artigo do jornal americano “The New York Times”, a Uefa ameaçou punir severamente os clubes envolvidos e também proibir os jogadores de disputarem competições pelas suas seleções. Ela tem o apoio das principais ligas de clubes nacionais, como a Premier League (Inglaterra), Bundesliga (Alemanha), Serie A (Itália), La Liga (Espanha) e Ligue 1 (França).
Clubes como Bayern e Paris Saint-Germain, curiosamente finalistas da última Champions, também se negaram a participar da Superliga.
Formato do torneio
- Participarão 20 clubes, sendo 15 deles fundadores e um mecanismo de classificação para os outros cinco se juntarem com base no rendimento da temporada anterior
- Jogos no meio de semana com todos os clubes continuando a competir nas suas respectivas ligas, preservando o calendário tradicional de jogos domésticos
- Dois grupos de 10 começando em um mês de agosto, jogando em casa e fora, com os três primeiros em cada grupo se classificando automaticamente para as quartas de final. As equipes que terminarem em quarto em quinto de cada grupo jogarão um playoff de ida e volta pelas vagas restantes
- O formato de mata-mata com ida e volta será usado para chegar à final no fim de maio, que será disputada em jogo único em local neutro
Assim que possível, uma liga feminina também será lançada, “ajudando a avançar e desenvolver o futebol feminino”.
Ainda segundo o comunicado, o novo torneio anual “proporcionará um crescimento econômico significantemente maior e apoio ao futebol europeu por meio de um compromisso de longo prazo com pagamentos de solidariedade ilimitados que crescerão de acordo com as receitas da Superliga”.
Ela destaca que “estes pagamentos de solidariedade serão substancialmente mais elevados do que os gerados pela atual competição europeia (a Liga dos Campeões) e deverão ser superiores a € 10 bilhões durante o período de compromisso inicial dos clubes”.
Além disso, também será construída uma base financeira sustentável para os clubes fundadores receberem € 3,5 bilhões exclusivamente para apoiar seus planos de investimento em infraestrutura e para compensar o impacto da pandemia da Covid-19.
Se este valor se confirmar, seria muito superior à quantidade paga aos clubes pela Uefa em todas as competições (Liga dos Campeões, Liga Europa e Supercopa Europeia), que geraram € 3,2 bilhões em direitos de transmissão na temporada 2018/19, antes que a pandemia afetasse seriamente o mercado europeu de direitos esportivos.
Vamos ajudar o futebol em todos os níveis e levá-lo ao seu devido lugar no mundo. O futebol é o único esporte global no mundo com mais de quatro bilhões de fãs e nossa responsabilidade como grandes clubes é responder aos seus desejos
Vice-presidente da Superliga, presidente da Juventus e ex-presidente da Associação Europeia de Clubes, Andrea Agnelli reforçou que os clubes fundadores possem poder dentro do continente.
– Nossos 12 clubes fundadores representam bilhões de fãs em todo o mundo e 99 troféus europeus. Nós nos reunimos nesse momento crítico permitindo que a competição europeia se transformasse, colocando o jogo que amamos numa base sustentável para o futuro a longo prazo, aumentando substancialmente a solidariedade e dando aos torcedores e jogadores amadores um fluxo regular de jogos de destaque que irão alimentar a sua paixão pelo jogo e, ao mesmo tempo, fornecer a eles um modelo atraente – disse o italiano, vice-presidente juntamente com Joel Glazer, um dos donos do Manchester United.
Fifa é contra criação de Superliga
A entidade máxima afirmou, também em comunicado, que “só pode desaprovar uma Liga Europeia fechada e dissidente fora das estruturas do futebol”.
“A Fifa quer esclarecer que está firmemente posicionada em favor da solidariedade no futebol e de um modelo de redistribuição justo. A Fifa sempre defende a unidade no futebol mundial e apela a todas as partes envolvidas nas discussões acaloradas a se engajarem em um diálogo calmo, construtivo e equilibrado para o bem deste jogo”.
A Uefa e a Fifa já haviam divulgado medidas duras em janeiro quando surgiram as primeiras especulações sobre esse novo torneio.
A punição com exclusão das competições internacionais teria consequências graves, uma vez que os clubes que teoricamente participariam desta Superliga estão repletos de jogadores estrangeiros, que seriam proibidos de atuar por suas seleções nacionais.
Resta saber se tal medida estaria em conformidade com o direito europeu da concorrência, ponto que abre a possibilidade de uma batalha jurídica se os clubes insistirem em organizar esta competição.