A Federação Goiana de Futebol (FGF) concluiu, ao final do Goianão 2025, a primeira edição de um campeonato estadual carbono neutro do país. O projeto inédito, batizado de Goianão ESG, contou com o envolvimento direto dos clubes em todas as 11 rodadas da primeira fase, além das quartas de final, semifinais e final.
“Iniciamos um projeto inovador para fazer do estadual de 2025 o primeiro carbono neutro do Brasil. Envolvemos as equipes e começamos um trabalho de conscientização sobre a agenda ESG. Até então, apenas os clubes, por meio de seus institutos, haviam feito movimentos nesse sentido — nenhuma federação havia assumido essa responsabilidade,” destaca o presidente da FGF, Ronei de Freitas.
Ao todo, o campeonato gerou 636,20 toneladas de CO₂, com média de 7,95 toneladas por partida. A compensação envolveu os chamados Escopos 1 e 2, e 50% do Escopo 3 — conforme metodologia internacional de medição de emissões. O projeto contou com apoio integral dos clubes, essenciais para o fornecimento de dados operacionais, consumo de energia, deslocamentos e estrutura dos jogos.
Conscientização e mobilização
Durante todo o campeonato foram realizadas ações de conscientização ambiental nos estádios: faixas e placas informativas nos gramados, mensagens nos alto-falantes, além da distribuição de kits com conteúdo educativo.
A FGF também adotou uma importante nascente do Ribeirão Anicuns, totalmente degradada. Durante a Semana do Meio Ambiente, foi realizado um plantio simbólico com a presença do padrinho do projeto, Dr. Luziano Carvalho, Delegado da Delegacia Estadual do Meio Ambiente (DEMA), além do presidente da FGF, representantes dos clubes e da imprensa.
“Foi um passo importante para o início da recuperação de uma das nascentes mais importantes do Ribeirão Anicuns, que integra a bacia do Rio Meia Ponte, responsável por grande parte do abastecimento de água em Goiânia. A iniciativa da FGF mostra como o futebol pode ser aliado na conscientização ambiental com ações concretas”, afirmou Dr. Luziano.
Inventário de carbono e metodologia
O inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) foi conduzido pela consultoria Recurso Sustentável, especializada em conformidade legal ambiental, práticas ESG e gestão de carbono. Os dados foram levantados a cada partida com base nas informações fornecidas pela FGF e clubes participantes. O levantamento seguiu as diretrizes da norma ISO 14064-1 e foi registrado na calculadora de carbono conforme o GHG Protocol Corporate Standard (v2025.0.1).
A apuração contemplou:
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Escopo 1: emissões diretas com uso de combustível em operações e deslocamentos de equipes e organização;
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Escopo 2: consumo de energia elétrica durante os jogos;
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Escopo 3: deslocamento de torcedores e consumo de alimentos e bebidas nos estádios.
Para 2025, a meta era neutralizar 100% dos Escopos 1 e 2 e metade do Escopo 3. “Já em 2026, queremos avançar ainda mais. Pretendemos alcançar a compensação total dos três escopos com ações de plantio em parceria com clubes, cidades e torcedores, além da aquisição de créditos de carbono”, explicou Ronei.
Próximos passos
A FGF já planeja o aprofundamento do projeto para a próxima temporada. Um dos objetivos é envolver o público nas ações de compensação, o que ainda não foi possível em 2025 devido à complexidade na coleta e análise dos dados relacionados às torcidas.
“Este é um caminho sem volta. Em 2026 vamos evoluir ainda mais, com mais plantios, mais parcerias e a participação direta da torcida. A ideia é ampliar a conscientização, promover responsabilidade coletiva e mostrar que o futebol pode, sim, ser ferramenta de transformação para o planeta”, conclui o presidente da FGF.